O mercado imobiliário sentiu, desde cedo, as mudanças provocadas pela pandemia do novo coronavírus.
De acordo com um inquérito realizado pela APEMIP, 97,4% das agências registaram uma quebra da procura no último mês.
78,1% das imobiliárias afirmaram que tiveram clientes que desistiram de negócios em curso e 20,5% destes cancelaram a compra após a celebração do Contrato de Promessa de Compra e Venda (CPCV).
É expectável que, a curto prazo, os preços abrandem em consequência do isolamento social. O verdadeiro impacto é, ainda, incerto. O que sabemos é quanto mais tempo toda esta situação durar, mais afetada será a mediação imobiliária.
Contudo, ainda é cedo para prever. O novo normal só agora se começa a instalar. Neste momento, todas as empresas do país estão a reaprender a trabalhar para que possam superar-se.
Parte dos players do mercado imobiliário apostam que não haverá uma grande crise, afirmando que a maioria dos negócios foram apenas adiados. Garantem que os clientes estão somente à espera do retorno à normalidade para voltar ao mercado.
Já os mais pessimistas acreditam nos indicadores internacionais que apontam para perdas de até 90% da procura estrangeira.
"Que impacto da pandemia no mercado imobiliário?"
Artigo de opinião de Ricardo Sant'Ana Moreira n'O Jornal Económico.
Os profissionais que trabalham com arrendamento de curta duração e alojamento local serão os mais prejudicados. Com a atividade turística comprometida, em conjunto com a restauração, o alojamento local está completamente parado. Até junho, não se prevê qualquer melhoria da situação.
"Turismo. Os dias negros dos hotéis e do alojamento local"
Diário de Nóticias
O que se pode esperar para o futuro, ainda que em análise superficial, é a estagnação do investimento imobiliário que se traduzirá na descida dos preços dos imóveis.
Para além desse fator, a possível volta ao mercado de parte das propriedades usadas para alojamento local fará com que haja uma maior oferta de imóveis para arrendamento de longa duração nos grandes centros.
"Covid-19 e as novas oportunidades para o arrendamento em Lisboa"
Artigo de opinião de Luis Mendes no Público
O Governo e as instituições bancárias aprenderam que é necessário proteger o crédito imobiliário e quem está a pagar a casa.
Os incumprimentos e demais situações negativas agravariam ainda mais os efeitos do Covid-19 conduzindo a uma crise económica após a pandemia.
"Moratórias no crédito da casa: bancos têm 5 dias para dar uma resposta"
Notícia no Idealista
Contudo, estamos todos em situação incerta. As pessoas e os mercados nunca enfrentaram nada parecido. Assim como as medidas do governo ainda estão rodeadas de dúvidas, os efeitos desta pandemia também são imprevisiveis.
É importante olhar para o que está a acontecer na China, para perceber como se reage após COVID-19. Os primeiros sinais indicam uma ligeira recuperação no mercado imobiliário, mas ainda é cedo para retirar grandes ilações.
O que concluímos, para já, é que após a passagem deste momento de dificuldade as atividades económicas não serão as mesmas. Serão aprendidas e exploradas novas formas de trabalhar. A postura das empresas será outra e os comportamentos digitais dos compradores estão a ser transformados neste exato momento.