Conhece a história do mercado imobiliário nacional? Sabia que as primeiras transações de imóveis foram realizadas na 1ª dinastia e que o desenvolvimento da economia Portuguesa está diretamente relacionado com o setor da mediação imobiliária?
Em 1255, depois das expansões territoriais que deram formato a Portugal, o Rei D. Afonso III resolveu mudar toda a sua corte da antiga capital, Coimbra, para Lisboa, que, entretanto, se tinha tornado a maior e a mais importante cidade do país.
Foi nesse ponto estratégico para mercadorias que o Rei interveio fortemente na estrutura habitacional e no mercado de transições de imóveis.
É significativo o papel dos reis no mercado imobiliário das cidades. D. Afonso III e D. Dinis, em especial, foram os promotores que efetuaram muitas das transações nas maiores cidades da época medieval: Lisboa, Évora, Santarém, Elvas, Guimarães, Guarda, Faro, Coimbra e Leiria. Na capital, estes Reis transacionaram 168 tendas, 136 frações de tendas, 68 casas, 16 frações de casas e 8 terrenos.
No entanto, foi após o fim da monarquia e início da primeira república que começaram a surgir as maiores mudanças no mercado imobiliário.
Portugal do fim do século XIX, ao contrário da maioria dos países da Europa (que sofreram modificações radicais devido à revolução industrial) era um país predominantemente rural, onde apenas 20% da população vivia nas cidades. Foi durante este período que se fez sentir a fraca industrialização da economia portuguesa, com a consequente baixa taxa de urbanização.
Estas duas características estruturais tornaram menos urgente a existência de uma política de habitação e construção de imóveis, em comparação com vários países europeus. Contudo, no início do século XX, a burguesia industrial procurou capitalizar os próprios interesses e resolver a fraca industrialização do país.
Através da construção de vilas operárias, perto das zonas industriais, foram albergados milhares de trabalhadores fabris de cidades como Lisboa e Porto.
Com a ascensão ao poder da classe média urbana, no período da Primeira República, ocorreram também as primeiras intervenções públicas no mercado imobiliário.
Uma das primeiras leis sobre o arrendamento data de 1917 e introduziu as seguintes medidas: (1) pagamento das rendas das casas ao mês, em vez de ser ao semestre ou trimestre, como até aí, (2) congelamento das rendas de casa, permitindo apenas a sua atualização de dez em dez anos até 10% e (3) condicionamento dos despejos.
O Estado Novo e o mercado imobiliário.
A análise do mercado de imóveis em Portugal apenas se torna relevante a partir de 1960, época em que a propriedade horizontal e o crédito à habitação ganharam um novo relevo.
Anteriormente, o regime que vigorava para a grande maioria da população era o arrendamento. No entanto, na década de 1970, a facilidade ao crédito foi ampliada com a criação de novos regimes de crédito bonificado, permitindo, deste modo, o seu fornecimento por parte de outras instituições bancárias que não a Caixa Geral de Depósitos.
Com a criação do conceito de propriedade horizontal, aliada à maior facilidade de acesso ao crédito à habitação, foi permitido, de forma inédita, a aquisição de habitação própria.
A democracia e o novo fôlego do setor imobiliário.
A maioria da população da época atravessou sérias dificuldades. A capacidade de poupança e as expectativas de melhoria da qualidade de vida eram muito baixas. Esta falta de progresso viria a gerar a grande expansão do mercado de habitação própria sentida nas décadas posteriores à Revolução de 1974.
A Comunidade Económica Europeia e o Investimento.
Com a adesão de Portugal à Comunidade económica Europeia verificou-se um crescimento do PIB que, aliado à diminuição da inflação, resultou em melhorias consideráveis na vida dos portugueses. A descida das taxas de juro na segunda metade dos anos 90, fruto do crescimento do projeto europeu, permitiu que o acesso ao crédito à habitação fosse facilitado.
Com este crescimento económico existiu grande aumento da construção, sustentado pela crescente procura no mercado imobiliário por habitação própria, tornando-se este maior em relação ao "paralisado" mercado de arrendamento.
A crise de 2009.
Depois de um crescimento exponencial do mercado de imóveis nacional e internacional, surgiu a crise do Subprime em 2008, nos EUA, que viria a afetar em grande escala o setor imobiliário português em 2009.
Durante o período de 2009-2014 observou-se uma notável queda das taxas de juro implícitas nos contratos de crédito para habitação e construção. Na crise de 2009, as taxas de juro perderam cerca de 66% e a Euribor atingiu um baixo histórico em 2014.
2018 e o auge da mediação imobiliária.
O mercado imobiliário em 2018 está muito forte. O balanço para este ano será tão bom, ou melhor que o de 2017.
De acordo com um estudo publicado no dia 3 de setembro, pela agência de rating Standard & Poor's, o preço das casas em Portugal deve subir 9.5% até ao final do ano. Um aumento menor em relação aos 10.5% de 2017, contudo, ainda assim, muito alto.
A história da mediação imobiliária em Portugal é extremamente rica e demonstra o quão importante é o mercado de imóveis para a economia nacional. O ato de comprar e vender casa é tão antigo que torna a profissão de consultor imobiliário nobre, histórica e essencial para o desenvolvimento do país.