O Imobiliário e o Turismo são os motores da empregabilidade em Portugal. Assim tem sido nos últimos anos.
Nos centros de emprego não há outros setores de atividade com mais ofertas disponíveis.
Ao contrário do Turismo, que é impactado pela sazonalidade, a mediação imobiliária tem a capacidade de criar muito emprego durante todo o ano.
Poucos setores económicos cresceram tanto desde 2015. Já são 50 mil pessoas a vender casas. Um crescimento de mais de 80% nos últimos quatro anos, segundo os números da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária (APEMIP) cedidos ao jornal Dinheiro Vivo.
Luís Lima, presidente da APEMIP, refere, no mesmo artigo, que o setor imobiliário “vive um momento de quase pleno emprego”, com profissionais das mais variadas áreas a aventurar-se no ramo imobiliário. Salienta, também, que o Turismo teve grande influência no crescimento de número de licenças de mediação – aumentaram 72% desde 2014.
Para o presidente, o Turismo e o Imobiliário são o petróleo e o ouro de Portugal.
Mas nem tudo vai de vento em popa.
A saturação de profissionais no mercado imobiliário já se nota. Há mais pessoas a vender casas que casas por vender. Como tal, é de esperar que o número de absorção de novos colaboradores desça e que haja, a médio prazo, a seleção natural dos melhores consultores imobiliários.
Um dos temas que marcou o ano de 2019, e continuará a ser alvo de forte discussão este ano, é a habitação acessível aos portugueses.
Continuará a existir oferta no segmento Médio/Alto, porque é nele que reside a maior parte do investimento, mas a compra destes imóveis depende, largamente, da procura externa.
No segmento Médio/Baixo assistimos a um cenário completamente diferente. Há grande procura e uma oferta extremamente reduzida.
Ainda segundo Luís Lima, o pico de vendas do mercado premium já passou. O futuro da mediação passa pelo investimento em imóveis para a classe média. Segundo o presidente, “há demasiada gente” dedicada aos imóveis de luxo, o que pode ser motivo para baixas nesse segmento nos próximos meses.
Um dos problemas com o setor da mediação é a remuneração dos profissionais.
A grande maioria dos empregos não tem salários fixos. Ou seja, dependem das comissões de venda.
Apesar de ser uma atividade rentável, é co dependente dos negócios fechados, significando que quando menos negócios, menos se ganha.
Uma parte dos profissionais não permanece no mercado porque não consegue, num primeiro momento, gerar negócios que resultam em bons rendimentos. Mesmo assim, estima-se que a média de ganhos brutos de um agente imobiliário ronde os 977 euros por mês.
O crescimento no emprego do setor imobiliário está relacionado a capacidade do mercado de gerar negócios. Com a tendência da redução de procura por parte dos estrangeiros e da baixa oferta de imóveis para os portugueses, prevê-se que o mercado oscile já em 2020, ameaçando a continuidade do aumento de emprego.