Ainda faltam alguns meses para o novo ano, mas já se deve começar a olhar para 2019 com mais atenção. As agências e consultores que querem ter sucesso no próximo ano devem preparar-se, com antecedência, para as mudanças que se avizinham.
2018 será mais um ano positivo para a mediação imobiliária.
O mercado habitacional continua muito forte. O balanço para este ano será tão bom, ou melhor que o do ano passado.
A procura continua a ultrapassar a oferta pelo que os preços continuam a subir, porém, a um ritmo mais desacelerado que em 2017.
De acordo com um estudo publicado no dia 3 de setembro, pela agência de rating Standard & Poor's, o preço das casas em Portugal deve subir 9.5% em 2018. No ano passado, o aumento foi de 10.5%.
Programas como o "vistos gold" e o "regime fiscal para residentes não habituais" são considerados os motores da forte procura externa.
"O valor da avaliação dos bancos às habitações compradas com recurso a empréstimos voltou a atingir o seu valor mais alto desde que há registo" - Observador 29/8/2018
Em julho deste ano, atingiu-se mais um recorde para a mediação imobiliária em Portugal. De acordo com dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística, o preço médio por metro quadrado fixou-se em 1187€.
É de destacar que no concelho de Lisboa a avaliação bancária média é de 2216€ por metro quadrado, praticamente o dobro da média nacional. No Porto, o valor é de 1710€/m2.
No dia 1 de julho entraram em vigor novas regras para a atribuição de crédito à habitação. O Banco de Portugal definiu algumas restrições à concessão de crédito com o objetivo de prevenir que as instituições bancárias deixem de correr riscos desnecessários.
De acordo com notícia publicada no Público, nos primeiros 6 meses de 2018 os bancos emprestaram 47 milhões de euros, por dia, em créditos à habitação e consumo.
"O crédito à habitação acumulado nos primeiros seis do ano ascendeu a 4774 milhões de euros, seguido muito de perto pelos 3688 milhões do crédito ao consumo." Público 17/8/2018
Só em Junho, antes da entrada em vigor das novas regras de concessão de crédito, foram emprestados mil milhões para crédito à habitação e 631 milhões para consumo.
Não é só o setor residencial que tem crescido. 2018 está a ser um grande ano para o setor imobiliário comercial.
" O volume de investimento em imobiliário comercial atingiu um novo recorde no primeiro semestre de 2018. Foram investidos 1.400 milhões de euros, o que é o valor semestral mais alto já registado" - ECO online 30/7/2018
O investimento estrangeiro continua a ser predominante no mercado comercial, representando 98% do capital investido. Os franceses são os que mais investem neste setor imobiliário, com 35% do valor total seguidos pelos espanhóis (29%) e dos britânicos (20%).
Todos os dados apontam para um ano muito bom para a mediação imobiliária portuguesa.
Mas como será o próximo ano? Quais as tendências do mercado imobiliário para 2019?
Todos os intervenientes do setor imobiliário, nacionais e internacionais, devem estar expectantes com o que acontecerá no mercado imobiliário em 2019.
Segundo a Standard & Poor's (S&P), Portugal terá a maior subida dos preços das casas na Europa até ao fim de 2018 (9.5%), contudo, em 2019 está prevista uma desaceleração do aumento dos preços (7%).
"A S&P antecipa um novo aumento de 7% dos preços em 2019, seguido de subidas de 6% e 5% em 2020 e 2021" - Jornal de Negócios 3/9/2018
No próximo ano, segundo os dados do INE, as rendas deverão aumentar, em média, 1,15%.
"As rendas deverão aumentar 1,15% no próximo ano, depois de o Instituto Nacional de Estatística ter publicado o valor da inflação média dos últimos 12 meses em agosto, descontando os preços da habitação. Este é o valor usado como coeficiente de atualização anual de renda, mas ainda tem de confirmado pelo INE a 12 de setembro e publicado em Diário da República." Observador 31/8/2018
O jornal britânico The Economist, para perceber se existe efetivamente relação entre o preço das casas com o valor dos arrendamentos e salários, efetuou uma análise comparativa entre estas variáveis. O estudo concluiu que o valor das casas e do arrendamento está a subir sem que haja uma relação direta e proporcional com os rendimentos da população.
A análise do The Economist indica que o auge do mercado imobiliário está, possivelmente, prestes a chegar ao fim. As grandes causas desta estagnação e possível retrocesso, baseiam-se na lei da oferta e procura e nas subidas das taxas de juro.
"After years of strong growth, property prices are on the turn" - The Economist 11/8/2018
Uma das razões que faz com que as populações estejam a abrandar a deslocação entre localidades e mesmo países é a sobrevalorização dos imóveis. Para além disso, as grandes cidades que até agora eram atrativas para capital estrangeiro estão a deixar de o ser.
Há cidades como Vancouver (Canadá) em que o valor das casas se tornou insustentável. A Austrália aumentou os impostos sobre as transações imobiliárias para não residentes. Os parlamentares da Nova Zelândia aprovaram uma lei, que impede os estrangeiros de comprar imóveis no país de forma a parar a inflação e tornar as habitações acessíveis à população nacional. Por fim, o governo Chinês tem revelado novos regimes para controlo de capitais que irão restringir e limitar o investimento no exterior.
Os cenários referidos anteriormente, demonstram as mudanças que estão a existir para alterar o funcionamento do mercado imobiliário.
"Cenário em que o BCE está a trabalhar prevê o fim dos estímulos no final deste ano e três subidas da taxa de juro ao longo de 2019." Observador 12/3/2018
A taxa Euribor a seis meses, a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação e que entrou em terreno negativo pela primeira vez a 6 de novembro de 2015 deverá, segundo a gestora de ativos Schroders, subir três vezes ao longo do próximo ano e chegará aos 0,75% no final de 2019.
Estas são as mais recentes projeções anunciadas. Este artigo será atualizado à medida que forem divulgadas novas informações e tendências para o próximo ano.